Mitsubishi Cup- Por trilhas tortas: com o Piloto Leo Lanziotti e a Navegadora: Pri Nogueira

 

Por trilhas tortas

 Piloto: Leo Lanziotti e a Navegadora: Pri Nogueira

Foto:SandersonPereira

Para alguns pode ser “o destino”, para outros um simples acaso que quando bem aproveitado iria nos revelar uma série de novas possibilidades que mudariam completamente a forma de levarmos a vida... Mais ou menos assim é que gostamos de definir nossa relação com os rallyes e principalmente a paixão despertada pela Mitsubishi.

- Como foi o começo de vocês nas competições?

- Foi sem querer!

Essa é a resposta mais simples e verdadeira que podemos dar. E, para explicar melhor, tenho que começar a contar a história bem lá de traz... Quando ainda éramos um casal de namorados universitários sentados num barzinho com mesa na calçada como tantos que existem aqui em BH.

- Meu sonho é ter uma Pajero, daquelas grandes! Acho lindo!

Disse a Pri enquanto olhávamos para os carros passando na rua e só conseguíamos sonhar com o futuro. Ali acredito que uma flecha foi lançada... Alguns anos depois, eu já estava terminando minha segunda residência médica, chegou o momento de realizar sonho do carrão. Começamos com uma Pajero Sport 2006 preta! Encantados com as possibilidades e facilidades que um 4x4 permitia, nossa idéia era experimentar o mundo do ecoturismo. Nos raros finais de semana sem plantões, o carro proporcionava acesso às caminhadas e passeios até as cachoeiras... Foi uma fase ótima. Mas por um tempo, o trabalho e a vida na capital nos engoliu e a Pajero deu lugar a um Lancer GT, que apesar de ser um veículo urbano, confirmava nossa fidelidade à Mit.

Dois anos depois, com a vida profissional começando a se solidificar, veio a possibilidade de comprar nosso primeiro “carro zero”. A saudade da velha Pajerona tornou a decisão fácil! Vamos de Mit novamente! Entramos na concessionária e a L200 Triton Hpe preta foi outro caso de amor a primeira vista! Só que dessa vez, a sorte ou o destino, nos presenteou com mais uma de suas armadilhas, considero esse dia uma das grandes reviravoltas das nossas vidas!

O dia da entrega do carro novo era cheio de expectativa e novidade. Estávamos entretidos com as orientações do consultor que explicava os detalhes de todas as funções e cuidados especiais da nova máquina. Tantas informações fizeram com que um simples convite feito pela dupla de vendedores Andrea e Pedro que nos atendiam, passasse quase que despercebido.  Eles diziam: “Vocês tem um perfil legal! Podemos inscrevê-los no evento que será realizado em Tiradentes daqui à duas semanas.” Primeira coincidência que nos agradou foi ser em Tiradentes! Cidade em que eu conheci a Pri e onde começamos a namorar! Só isso já deixava tudo mais atraente! Quanto ao evento, confesso que num primeiro momento não prestamos muita atenção... “É uma espécie de curso, uma aula de como usar o 4x4, talvez algum obstáculo para você aprender a usar sua Triton” – assim explicava a vendedora. 

- Voltem à concessionária na quinta a noite que iremos lhes explicar melhor”.

Por mim tudo ok! Adoramos Tiradentes, a concessionária vai cuidar da nossa inscrição e eu realmente gostaria muito de fazer um “curso” para aprender a usar as opções de tração. Pois bem, em poucos dias estávamos no pátio da concessionária. Fui convidado a entrar no salão principal onde estavam outros novos donos de carros da Mitsubishi, um Buffet e até um chopinho acontecia para descontrair a turma... Conversa vai, conversa vem... Quando percebi que membros da equipe da Mitsubishi estavam fazendo alguma coisa no meu carro. Minha linda caminhonete, com a pintura preta tão impecável que parecia um espelho, estava coberta por adesivos! Eu pensava: que droga! Vou sofrer para tirar essa cola do meu carro... Mas enfim, deve ser algo obrigatório para participar do “curso”, depois resolvo isso na cera outra vez. Vamos para Tiradentes!

Na sexta feira, chegando ao local do evento, percebi que era algo bem maior do que estava imaginando, achei que só estariam aquelas pessoas que encontrei na concessionária. Mas não! Havia mais de cem carros! Muita gente! E Eu, caipira e extremamente tímido, tentava me localizar no meio daquele alvoroço todo com aquela cara assustada feito “cachorro em dia de mudança”.

Precisava entender em que estávamos nos metendo. Observando de longe percebi a chamada para tipo de anfiteatro. Parte do grupo se dirigiu para a sala e nós, quietinhos, sentamos lá no fundo. Um senhor com microfone explicava coisas sobre trajeto, tempo, perigos, etc. E nós não entendíamos absolutamente nada! Mas agora eu tinha uma estratégia! Deduzi: esse cara é o “manda chuva” do evento, assim que a aula acabar, eu vou até ele e pergunto sobre o meu “curso”. E assim o fiz:

- Senhor! Por favor, estou um pouco perdido, eu vim para o curso 4x4, pode me explicar o que tenho que fazer?

- Não amigo, isso não é um curso! Isso é um Rally! Uma competição! E pelo nome de vocês, posso ver que estão devidamente inscritos e serão o segundo carro a largar na categoria light.

Uma pausa para explicações: estávamos em uma etapa do rally de regularidade Mitsubishi Motorsports, havíamos acabado de assistir o briefing dos competidores GRADUADOS e eu estava perguntado para o mestre Lourival  Roldan (Diretor de provas da Mit e primeiro brasileiro campeão do Dakar - maior rally do mundo!) sobre um curso que acredito que eu mesmo inventei na minha confusão! Coincidentemente havíamos comprado a Triton exatamente no mesmo mês em que acontecia a etapa de Minas Gerais, com isso, a equipe de vendas nos inscreveu no evento como um “brinde a mais” da compra do carro.

- Mil desculpas! Eu fiz algo errado! Achei que era só um curso! Pode excluir meu nome?

Aqui começo a justificar porque sou tão fã do Lourival. Percebendo que eu estava completamente sem chão, ele calmamente começou a me explicar de forma bem básica o que era um rally de regularidade, tentando me acalmar e me convencer a não fugir da situação. Com um sorriso no rosto ele dizia:

- Calma! Vocês vão se divertir muito! Vou lhes ajudar, vocês trouxeram o Tablet?

- Tablet? Que tablet? Eu nem tenho um tablet!

- Tranquilo! Deixe-me instalar um aplicativo no seu celular, ele vai te ajudar a manter a velocidade na prova.

Estava em pânico enquanto tentava entender as explicações sobre o aplicativo da Totem e seus parâmetros de tempo de navegação e hodômetro digital. Nem preciso dizer o quão difícil é compreender um rally de regularidade ainda lidar com a preocupação de ser o segundo carro a largar no grid da categoria. Lourival conseguiu me convencer a não desistir por medo (E professor, se esse texto chegar até você: muito obrigado por isso!). Depois de algumas explicações, ele disse:

- Senta aqui na frente, agora vai começar o briefing da ligth, preste bastante atenção que no final eu tiro suas dúvidas.

E assim tudo começou pra nós. Passamos a noite estudando o que era a tal da “bolinha que vai para a setinha”.

No sábado, segundo carro a largar. Lógico que de forma muito atrapalhada, tentamos disparar o cronometro lá em cima da rampa (não sabíamos nada sobre aferição do relógio e como programar a hora de largada previamente). Logo percebíamos que os campos visuais do celular não se movimentavam como anteriormente nas mãos do Lourival, na verdade, havíamos disparado o “trecho zero” e não o “trecho 1” no alto da rampa... Enfim, a coisa complicava cada vez mais. Batíamos boca o tempo todo porque eu achava que tudo deveria estar na planilha, perguntava para a Pri sobre todas as placas do trajeto, todos os quebra-molas: - Mas não está na planilha? E essa placa? Não fala nada ai?

Perceber que conseguiríamos completar o trajeto e voltar ao pórtico do evento até hoje é uma lembrança indescritível! Sensação de um grande feito. Conseguimos! Chegamos! Aos trancos e barrancos, usando praticamente somente o cronometro, velocidade, intuição e uma boa dose de sorte, tínhamos completado nosso primeiro rally! E foi por bem pouco que não ganhamos o premio “Indiana Jones” para a pior dupla da etapa. Mas aquele “curso” iria mudar nossas vidas para sempre.

 Foto 2: A Alegria de completar o primeiro rally!          

   Foto 3: a Triton - Mitsubishi Motorsports

Muita coisa aconteceu nesses últimos sete anos... Nunca mais paramos de competir, depois de um tempo a Triton deu lugar a uma Pajero Full 3D... da Ligth chegamos à Master. Nos anos seguintes viajamos praticamente o Brasil todo experimentando os vários eventos que o Regularidade proporcionava. E o melhor de tudo: Fizemos amigos para a vida toda!

      Foto 4: a Pajero Full – Mitsubishi Motorsports

E se foi por uma confusão do acaso que nossa trajetória começou no rally de regularidade, foi por conta dos amigos que a outra grande guinada na nossa história aconteceu! Muito tempo depois, competindo o Motorsports em Campos do Jordão, em um dos muitos deliciosos jantares após o sábado de prova, deixei escapar que meu sonho era um dia me arriscar correndo uma etapa da Mitsubishi Cup.

- Então na próxima você vai no meu carro!

Sempre que falo de rally é impossível não demonstrar o quão grande é minha admiração e gratidão aos “meus Chefes” da Equipe FD! Glauber Fontoura e Sandrinha Dias, vocês serão eternamente lembrados como pessoas as quais nunca vamos poder traduzir em palavras o quanto devemos em gratidão por tanto acolhimento e carinho. Somos uma mistura de amigos e fãs de vocês! Aquele convite rendeu um dos dias mais incríveis das nossas vidas: Pilotar um carro de corrida de verdade! Era o inesperado acontecendo novamente para nós! Graças ao apoio e incentivo da FD, a Pajerinho deu lugar a uma Triton ER – agora um carro “puro sangue de corrida”! O Regularidade foi trampolim para o Cross-Country e nós realizaríamos coisas incríveis que nem nos sonhos mais otimistas achávamos que seriam possíveis! Passamos a competir na Mitsubishi Cup, tivemos a indescritível experiência de correr O SERTÕES e ainda estamos por ai... tentando fazer parte desse mundo maravilhoso que mistura poeira e adrenalina. Pela inexperiência e talvez por certa precocidade nessa migração, um de nossos grandes amigos (o Mineiro) nos nomeou como “os verdinhos” e é com esse simpático apelido que seguimos nos aventurando.

Foto 5: A primeira vez em um carro de Cross-Country 

Se o inesperado nos trouxe até aqui, talvez aquela frase que a Pri tanto adora repetir como um mantra de positividade seja realmente verdadeira: “O melhor esta sempre acontecendo!”  

Não fazemos a menor idéia até onde nossa participação no rally pode ir... Mas já temos a certeza que valeu a pena cada momento vivido até hoje! Seremos eternamente gratos a todos os amigos que encontramos nesse caminho, a Mitsubishi e a Equipe FD de rally! Adoramos vocês!

 #GoVerdinhos

     Foto 6: a Triton ER – Mitsubishi Cup 

F       Fonte: Leo Lanziotti 

A      Arquivo pessoal ( Fotos)

@leolanziotti

             @prinogueira